Servidores resolveram cruzar os braços e fechar as portas do Instituto de vez


Após o adiamento da audiência proposta pelo Governo para esta quarta-feira (04), os servidores do Instituto de Previdência dos Servidores Estaduais do Rio Grande do Norte (IPERN) decidiram em assembleia que manterão a greve por tempo indeterminado, haja vista que nem a Direção do Instituto nem o Governo têm correspondido na condução das negociações. 
 
 
Nesta quinta-feira (5) a categoria irá até à Assembleia Legislativa do Estado. O objetivo é falar com os deputados na tentativa de que eles façam uma intermediação em prol dos trabalhadores. 
 
A categoria chegou ao seu 16º dia de paralisação nesta quarta-feira (4), onde até o momento não há proposta alguma para as demandas da categoria. Plano de cargos e carreiras, promoções e convocação de concurso público, esses são os pontos que integram a pauta de reivindicações dos servidores do Instituto, além disso, a categoria acumula perdas salariais em cerca de 35% e 5 anos sem reajuste salarial. 
 
 
A luta pelos direitos desses trabalhadores é válida não apenas por suas reivindicações de direito, mas também porque a ausência  desse direito interfere na vida funcional não só trabalhadores, mas também de seus familiares e entes próximos.
 
Sim, isso porque o Instituto trabalha com a vida funcional de trabalhadores da ativa, aposentados e pensionistas. “Todas às vezes que deixamos de atender um familiar de servidor que vem até o IPERN para dar entrada para receber, por exemplo, uma pensão por morte, e nos vemos obrigados a deixar de atendê-lo, ainda que momentaneamente, a sensação é que penalizamos esse familiar duas vezes. Isso porque a perda maior a partir da morte desse ente, ele já teve. E justamente nós, que estamos a serviço do Estado, da sociedade, vamos penalizá-lo ainda mais?” Indaga a assistente social efetiva do IPERN, Linaura Freire.
 
 
A unidade de Mossoró não está fazendo perícia médica. Os usuários estão se deslocando aqui para Natal em busca do atendimento, com um custo de viagem em média de R$ 120,00. Mais uma forma de comprovarmos que o servidor está sendo penalizado duas vezes. Por doença ou morte, esses são os motivos mais urgentes de quem busca os serviços no IPERN, ou seja, pessoas que por si só estão passando por situações de desgaste emocional e que quando buscam seus direitos são obrigados a ter pela frente mais um problema a enfrentar.
 
Praticamente todos os serviços prestados pelo IPERN estão parados. Sem contar com as centenas de processos que estão paralisados, que não estão sendo implantados no sistema. Esses dados são lançados até o dia 10 de cada mês para que sigam os trâmites burocráticos e sejam cumpridos desde a implantação até o seu pagamento. “Somos uma categoria de 148 servidores em todo o Estado. Desses, 60 já se encontram em abono de permanência ou em processo de aposentadoria”, afirma a técnica previdenciária, Auxiliadora Barbosa.
 
 
A agência de Mossoró atende a sua demanda com apenas 8 servidores. Caicó conta com 6, sendo que nesta todos se encontram em abono de permanência, e a cidade de Currais Novos, que conta com tão somente 4 funcionários.
 
“É vergonhoso termos que fazer uma greve também para exigir do Governo a realização de concurso público para o setor. A categoria envelhece dia a dia, se aposenta, fora os que morrem e ora dessas não saberemos sequer quanto de nós restará para treinar os novos que já deveriam estar praticamente na mesma condição que nos encontramos, se os governantes atendessem essa reivindicação específica”, complementa Linaura.
 
A alegação dos servidores para que o Governo do RN atenda as demandas da categoria é que o próprio Instituto sabe que pode usar do Fundo Previdenciário até 2% para custear suas despesas administrativas e não o fez até o momento.